10 formas de fazer compras mais sustentáveis no supermercado

Uma ida a qualquer supermercado pode, de forma muito simples, incluir práticas mais sustentáveis. Neste artigo, partilho 10 sugestões.


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1. Não comprar mais do que se vai consumir

Como já partilhei várias vezes, o lixo e o desperdício alimentar causam grandes problemas ambientais e, por isso, devemos limitar as nossas compras àquilo que vamos realmente consumir. Para isto, é importante ter listas bem definidas do que queremos comprar, antes de visitar o supermercado. Relativamente aos alimentos, pode ajudar também fazer um planeamento dos pratos que vão ser cozinhados na semana ou mês antes das compras, para se ter uma noção melhor do que vai realmente ser utilizado e, assim, não deixar nada estragar.

Este cuidado é especialmente importante para os alimentos mais perecíveis, como as frutas, vegetais, carnes, peixes, ou iogurtes, por exemplo.

2. Comprar os produtos embalados em quantidades maiores

Em geral, quanto maior a embalagem, menos quantidade de material de empacotamento, por quantidade de produto, é necessária. Assim, mesmo estando a consumir descartáveis, vamos acabar a consumir menos, proporcionalmente.

Se tiverem, por exemplo, garrafas pequenas e garrafões de água em casa, experimentem a pesá-los vazios e a dividir o seu peso pela quantidade de água que carregam. Vão obter uma medida de g/L (gramas por litro), que vos indica quantas gramas de plástico estão a utilizar por cada litro de água. Confirmem que, para os garrafões, essa medida é inferior.

Atenção que esta dica só é válida se não levar ao desperdício alimentar! Não comprem embalagens enormes de produtos perecíveis que não vão conseguir consumir em tempo útil. Caso contrário, estarão a desperdiçar comida e embalagens.

3. Utilizar sacos reutilizáveis

Esta escolha já é um clássico em muitas casas, e ainda bem! Os sacos reutilizáveis permitem-nos evitar os descartáveis e a utilização de plástico. Duas grandes vantagens dos sacos de tecido é que são laváveis e reparáveis, por isso podem durar uma vida inteira!

Aliás, é mesmo esse o propósito, uma vez que os próprios sacos reutilizáveis também têm impacto ambiental (um saco de algodão pode ter de ser reutilizado mais de uma centena de vezes para compensar o seu impacte ambiental face a um saco de plástico descartável).

Em geral, meia dúzia de sacos devem chegar para fazer todas as compras e o ideal, do ponto de vista da sustentabilidade, é não ter uma coleção enorme! Isto porque se tivermos muitos aos quais não damos uso, foram consumidos recursos em vão para os produzir.

Os sacos reutilizáveis são válidos tanto para transportar as compras, como para colocar fruta, bolos e pão. Experimentem, nas secções do pão, pedir para vos porem as compras nos vossos sacos: se o disserem com confiança e naturalidade, quase de certeza que vão obter uma resposta positiva.

4. Evitar produtos com mais do que uma embalagem

Quem não conhece, por exemplo, as bolachas que vêm empacotadas em plástico, com uma folha de cartão lá dentro, e depois separadas em grupos de 4-5 bolachas dentro de mais um pacote de plástico? São 3 camadas de descartáveis para um só produto!

Evitar este tipo de produtos é uma forma de reduzirmos a nossa utilização de descartáveis, e é mesmo simples. Podemos substituir os produtos que têm mais do que uma embalagem por outros que apenas têm uma e, no caso das bolachas acima descritas, podemos simplesmente comprar as embalagens que têm todas as bolachas juntas e usar uma caixinha que tenhamos em casa para as levar na mala (não precisando, assim, dos pequenos pacotes individuais).

5. Comprar produtos próximos do prazo

Os produtos próximos do prazo são mais facilmente descartados pelos supermercados, que são obrigados a tal. Desta forma, se os comprarmos, vamos evitar que sejam desperdiçados. Estes produtos têm ainda a vantagem de, em muitos casos, terem os preços reduzidos.

Neste contexto, é importante distinguir entre dois tipos de prazo:

  • “Consumir até”: indica-nos o prazo de consumo do produto em segurança. A partir dessa data, pode já não ser seguro consumir

  • “Consumir de preferência antes de”: indica-nos a data até à qual é assegurada a qualidade máxima do produto, sendo que, após essa data, continua a ser seguro consumir. O nosso melhor radar nestes tipos de prazo são os nossos sentidos: a visão e o olfato podem-nos ajudar a perceber até quando é que estes produtos estão bons para consumo (que será sempre depois da data preferencial)


6. Comprar em embalagens feitas com materiais reciclados e recicláveis

Se vamos comprar embalados, então façamos o melhor para que o seu impacto seja reduzido. Optar por produtos embalados em materiais reciclados significa que não estão a ser extraídos novos recursos (papel, plástico) para fazer as respetivas embalagens. Optar por produtos recicláveis significa que os materiais poderão ser revalorizados após utilização.

É importante dizer que, embora seja imperativo que façamos sempre a reciclagem, esta não é uma solução sem qualquer impacto, como refiro no episódio 3 do Podcast Plantando Escolhas. A melhor solução é, sempre que possível, evitar ter de recorrer à reciclagem, reutilizando e evitando descartáveis.


7. Comprar frutas e legumes “mais feios”

As frutas e legumes com pior aspeto (com marcas, formas mais esquisitas, etc.) são, muitas vezes, deixados para trás, embora estejam perfeitamente bons para consumo. Mesmo as frutas e legumes um pouco tocados ou demasiado maduros podem ser utilizados em batidos, sopas ou estufados, por exemplo. Se não forem comprados, estes produtos acabarão no lixo e serão uma fonte de gases com efeito de estufa nos aterros.

É natural que quem não está alerta para as consequências do desperdício alimentar não adquira estas frutas e legumes, mas, agora que leram isto e já estão, façam esta mudança :).


8. Comprar produtos locais e da estação

Comprar produtos produzidos localmente significa que estes não tiveram de ser transportados por longas distâncias até nós e, por isso, têm um impacto menor no seu transporte. Adicionalmente, é também importante escolher produtos que são autóctones dos locais onde são produzidos, isto é, que são naturais de lá. Isto é relevante porque, em geral, produtos que não são autóctones de uma região vão requerer mais recursos na sua produção. Produtos da época requerem também menos recursos (estufas, fertilizantes, energia para conservação, etc.) do que os que estão fora da época.


9. Comprar bananas “solitárias”

Quem nunca ouviu este conceito deve estar na dúvida, mas estas bananas são simplesmente as que se soltaram dos cachos. Existe a tendência natural de procurarmos bananas em cachos, deixando as que estão “solitárias” para trás. Estas são, assim, as que são mais facilmente desperdiçadas e se tornam lixo. Felizmente, já existem supermercados que juntam estas bananas em pequenas cestas, para ser mais fácil para os consumidores as encontrarem. De qualquer das formas, se não existirem estas cestas no local onde fazem as vossas compras, procurem um pouco, que de certeza que vão encontrar várias bananas “solitárias” à procura de uma casa :)

Outro exemplo semelhante são os pequenos cachos de uvas. Temos a tendência natural para procurar cachos grandes, deixando os mais pequenos para trás. Uma forma de contribuir para evitar o desperdício destes pequenos cachos é, em vez de trazer um grande para casa, trazer dois ou três dos de menor dimensão.


10. Substituir a comida pré-preparada por comida caseira

A comida pré-preparada vem embalada e tem, muitas vezes, ingredientes não muito interessantes do ponto de vista da sustentabilidade (como o óleo de palma). Cozinhar em casa significa ter mais controlo sobre os ingredientes e também evitar embalagens descartáveis.


Espero com esta lista ter mostrado que, estejamos onde estivermos, podemos sempre encontrar formas de sermos mais sustentáveis. Cada escolha melhor, por mais pequena que seja, vai sempre ter um impacto positivo :)

Rita TapadinhasComentário